quarta-feira, 27 de abril de 2016

Bater em crianças é mais comum do que se imagina, diz estudo

Apesar de aumentar a agressividade e prejudicar a saúde da criança a longo prazo, muitos pais ainda insistem em bater nos seus filhos. Um estudo da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, mostrou que quase 30% dos bebês com até 15 meses apanharam dos pais no último mês.
Os cientistas acompanharam 2.788 famílias, que participavam de uma pesquisa sobre nascimentos em áreas urbanas e esão ligadas ao serviço de proteção à criança. Para os pesquisadores, as consultas no pós-parto e as visitas aos bebês em casa foram oportunidades para médicos e familiares conscientizarem os pais sobre melhores formas de colocar limites nos filhos.

Outra pesquisa, dessa vez feita pela Southern Methodist University, surpreendeu o professor de psicologia George Holden. Enquanto conduzia o estudo sobre pais que gritam com os filhos, ele descobriu que, mais do que falar alto, os pais batem nas crianças com frequência.

Para chegar a essa conclusão, o pesquisador distribuiu gravadores para 37 famílias de diferentes classes sociais. A análise das 36 horas de áudio gravadas em seis dias de cada família contabilizou, no total, 41 agressões. Uma mãe que participou do estudo bateu no filho de 3 anos cerca de 10 vezes por ele ter brigado com a irmã mais velha. Outra espancou a filha de 5 anos porque ela não arrumou o quarto.

Em nota, o psicólogo George Holden, que tem mais de cinco livros publicados sobre paternidade e desenvolvimento da criança, afirmou que esperava que essas famílias tivessem ótimos comportamentos já que sabiam que estavam sendo gravadas. Ao baterem nos filhos com tamanha frequência ficou claro que esses pais não consideram a palmada como um comportamento problemático. "As crianças agredidas são mais propensas a ter problemas de comportamento social. Elas também apresentam maior risco de desenvolver transtornos de ansiedade ou depressão e ainda têm mais chances de se envolver em violência doméstica e abuso de crianças quando adultas", diz o professor.

Para a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo (SP), a agressão física não educa e ainda pode atrapalhar o crescimento e desenvolvimento motor da criança. “Uma criança que apanhou por andar até um local perigoso pode não querer mais andar ou ficar em pé”, explica a especialista.

Quando os pais entendem que bater é uma forma de educar os filhos, eles sempre vão trocar o diálogo pela agressão física. E esse comportamento vai levar a uma geração de adultos violentos. "Uma criança que apanha constantemente dos pais pode se tornar agressiva ou totalmente passiva e insegura. Ela pode ser uma pessoa violenta, que não sabe conversar com quem discorda dela, ou incapaz de defender o seu ponto de vista”, diz.

Muitas agressões gravadas para o estudo aconteceram quando os pais estavam estressados. No entanto, é claro que dias difíceis e estressantes não são justificativas para descontar os problemas nas crianças. Pais que agridem mostram que perderam o controle de si mesmo. Por isso, ao criar um filho, paciência deve estar em primeiro lugar.

Para aprender, seu filho precisa entender a relação entre o que fez e a consequência. A punição deve acontecer no mesmo momento, pois as crianças têm uma visão imediatista: ainda não aprenderam a pensar a longo prazo.

Na prática, isso significa que, assim que se o seu filho jogar o brinquedo no chão durante um ataque de birra, o melhor a ser feito é tirar o objeto do seu alcance por alguns minutos. Com o passar do tempo, ele pode ficar sem TV, sem computador e sem outras coisas de que gosta e até o seu olhar sério e quieto vai ser suficiente para fazê-lo entender que aquilo que ele fez não foi legal. Isso, sim, é educar!

Fonte: Revista Crescer


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