segunda-feira, 6 de junho de 2016

BIRRAAAAAAAA. UM BICHO DE DUAS CABEÇAS!

Todas as crianças em alguma fase de seu desenvolvimento vão promover as tão temidas e constrangedoras birras. As menores são “autorizadas” por não conseguirem ainda comunicar de outra forma aquilo que as frustram. Mas quando um pouco maiores, assim que começam, despertam nas mães aquela sensação de impotência e de fracasso disciplinar sobre alguém tão pequeno!

Muitos vão achar repetitivo, mas sugiro fazer uma conta: quanto tempo realmente livre você passa com seu filho? Na ponta do lápis, passamos em média uma hora antes de levar na escola e três horas depois que chegamos do trabalho, multiplicado por 5 dias da semana serão 20 horas, mais o fim de semana (sempre em passeios pré-planejados ou com muito mais pessoas que só a família nuclear). Além disso, esse tempo é ocupado com alimentação, cuidados pessoais, tarefas escolares ou extra-escolares e TV. E que correria, não? Qual será a qualidade desse tempo?

As crianças de até cinco anos, por mais que já tenham aprendido a falar, ainda são imaturas no que diz respeito à linguagem de seus sentimentos. Por isso, o choro, o mecanismo mais primitivo, sai em socorro dessa comunicação, aliado agora a outros recursos que a criança já aprendeu que causam alarde nos pais: se jogar no chão, se ferir, estar em público, gritar, e assim por diante.



Podemos dizer que a birra é uma reação extrema a um “não”, ou a algo de que elas discordem. Mas quando olhamos bem de perto, vemos que as birras nada mais são do que sinais de que os pais estão emocionalmente dispersos naquele momento em relação ao sentimento dos filhos. E é por isso que ela ocorre nos piores momentos, quando estamos ocupados!

A birra é um bicho de duas cabeças que se batem e não se entendem. De um lado, os pais tentando manter a ordem e realizar as tarefas de modo disciplinado com tempo muito curto e carregado de estresse do dia a dia. De outro, a criança, que tem seu tempo próprio, descobrindo o mundo pelos detalhes e sem a praticidade que conquistamos com a maturidade.

Enquanto o mundo adulto exige aceleração, eficiência e produtividade, o mundo infantil só tem imaginação, descoberta, criatividade e ritmo materno (aquele que ele ouvia na barriga da mãe, uma verdadeira batucada que vinha do coração dela). Se a criança e os pais saem desse compasso, logo os pais demonstram impaciência, pressa, irritação, e as crianças só têm a birra pra dizer que não aguentam esse ritmo. Após aquele descontrole, é necessário retomar a calma e contar 1, 2, 3 para acertar e começar tudo de novo.

Durante a birra, lembre-se do cenário. Mesmo que seja em público, o que a criança está emitindo é uma insatisfação que não consegue conter e, por isso, a reproduz no corpo e no choro. Sendo assim, a contenha. Abaixe-se à altura dela, com voz calma, doce e principalmente firme, diga que você reconhece que é difícil não poder isso ou aquilo, entende que ela está frustrada, mas que o choro só ajuda a descobrir e não resolver o problema. Peça a ela calma, para interromper o choro e para que vocês conversem. Evite virar as costas e deixá-la chorando, isso só produz abandono e aumenta a raiva. Explique e espere: “com esse choro não dá pra te entender”, “vou esperar você parar de chorar pra gente conversar”, “quando parar de chorar, a gente conversa”. Acalmem-se juntos e, quando o silêncio reaparecer, voltem a conversar, explique novamente o porquê dessa frustração e diga que está ali do mesmo jeito, mas que o não existe…

Tenho certeza de que muitos vão pensar “já tentei e não deu certo”, por isso o trabalho é anterior a crise. Mesmo que o tempo que vocês passem juntos seja assim tão corrido, cheio de tarefas e prevalecendo as necessidades disciplinares do mundo adulto, aprenda a respeitar a infância de seu filho. Aproveite a hora do banho, do trânsito, da comida, para relaxarem juntos e se conhecerem, inventem músicas, puxe conversa sobre coisas que ele te conta, ouça atentamente e, durante as brincadeiras, sempre ofereça resoluções ligadas a calma e paciência, além de reproduzir as ações cotidianas da pressa. Assim, você e seu filho estarão mais conectados emocionalmente e, se a birra aparecer, ele vai confiar que o “não” que você precisou impor não é castigo, nem abandono, e sim a necessidade daquilo naquele momento.

O cantinho do pensamento, virar as costas, bater (mesmo que de leve nas mãos ou bumbum), mandar pro quarto, tirar coisas que gostam; nada disso ajuda a criança a lidar com suas emoções, pois sozinhas elas apenas vão preservar a sensação de incompreensão dos pais e na próxima vez precisarão de uma cena ainda maior para ver se alguém os entende.

Quando as duas cabeças desse bicho birra param de se bater, os corações se reencontram e fica mais fácil para os pais perceberem quais são as necessidades e dificuldades dos filhos. Narrar o cotidiano, explicar os passos e decisões tomadas e às vezes também demonstrar frustrações e limites, ensinam para os filhos outras formas eficientes de se comunicarem com o mundo que não seja o choro, a birra, o escândalo.

Lembre-se da sua criança interna, reconheça em seu filho o melhor de você e ofereça! Cuidado para não se perder no tempo das obrigações e não sobrar muito para as relações. Abraços!

Fonte: Psicologias Brasil


domingo, 5 de junho de 2016

Sono infantil: por que a rotina é tão importante e como fazer isso


De acordo com uma pesquisa australiana, os primeiros cinco anos de vida são cruciais para ajustar a rotina de descanso do seu filho. 




Um estudo realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, acompanhou os hábitos de sono de cerca de 2.900 crianças de 0 a 5 anos e, depois, voltaram a analisar o comportamento delas dois anos depois. A conclusão foi a de que a maior parte das crianças que tinha uma rotina de descanso desajustada apresentava riscos mais significativos de desenvolver problemas relacionados a déficit de atenção e a dificuldades de aprendizado na escola.

“Uma em cada três crianças têm problemas de sono e, é claro, que nem todas elas demonstraram uma performance pobre no ajuste à escola, mas o risco de os professores notarem que elas tinham dificuldades nesse ajuste era maior”, disse Kate Williams, especialista em educação que coordenou o estudo. Na pesquisa, ela ainda observou se as crianças conseguiam pegar no sono sozinhas, tinham períodos de descanso muito curtos, se tinham sonambulismo e se eram capazes de dormir novamente sozinhas, caso acordassem durante a noite.

Para a especialista, é importante que os pais façam uma higiene do sono, que inclui ajustar a hora de ir para a cama, que deve ser sempre a mesma, diminuir o uso de telas, como tablets, smartphones e televisores, criar rotinas consistentes antes de deitar e construir estratégias para acalmar, como ler ou ouvir uma música relaxante.
Se meu filho não dorme bem aos 5 anos, vai ser mais difícil colocá-lo em um ritmo?

De acordo com Rosana Cardoso Alves, neurologista da Associação Brasileira do Sono, a primeira infância é um período crucial para criar uma rotina saudável. “Isso não quer dizer que é impossível fazer uma reeducação mais tarde. É possível fazer isso até com adultos. Mas a facilidade não é a mesma”, explica a médica. “O sono insuficiente pode, sim, levar à alteração de memória, que compromete, mais tarde, o rendimento na escola”, completa.

Manoel da Nobrega, membro do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), diz que a implantação da rotina do sono deve ser iniciada cedo, por volta da segunda semana de vida da criança. “A mãe deve começar a fazer o bebê distinguir o dia da noite”, afirma o médico. E se ele faz parte dos que trocam a noite pelo dia, você tem como ajustar essa bagunça. 

14 coisas que você precisa saber sobre o sono do seu filho
1. É importante manter um ritmo estável nas atividades da criança, principalmente na alimentação e no sono. Isso vai ajudar seu filho a entender quando é hora de fazer essa ou aquela atividade e a dar segurança e estabilidade a ele.

2. Dormir cedo é importante porque, quando escurece, o organismo libera a melatonina, o hormônio do crescimento. A recomendação dos especialistas é de que as crianças devem ir para a cama por volta das 20h, todos os dias.

3. Estabelecer uma rotina antes da hora de dormir ajuda a criança entender qual é o momento de desacelerar. Vale o que funcionar melhor para a família, mas é fundamental seguir os horários e a sequência das atividades, como tomar banho, escovar os dentes, colocar o pijama, cantar ou ler uma história...

4. Quando estiver próximo da hora de dormir, diminua as luzes e os ruídos da casa. Quanto mais calmo o ambiente estiveer, melhor para a criança, que entenderá que aquele é o momento de descansar.

5. Exceto nos casos em que haja recomendação médica ou quando o bebê for muito pequeno, não precisa acordá-lo para mamar durante a noite. Espere até que ele desperte para solicitar o leite.

6. Procure oferecer refeições mais leves à noite, para facilitar a digestão e o sono da criança.

7. Para as crianças maiores, evite oferecer líquidos em horários próximos ao momento de dormir, para que a vontade de ir ao banheiro não ajude a despertá-las. O último copo de água deve ser ingerido, preferencialmente, pelo menos uma hora antes do seu filho ir para a cama.

8. Deixar a luz acesa não é necessário e pode interferir na produção de melatonina. O melhor é deixar o ambiente totalmente escuro e, se a criança sentir medo ou desconforto, opte por uma luz mais fraca, em tom de azul, bem discreta.

9. Nada de televisão, celular ou tablet antes de dormir. Os aparelhos podem deixar as crianças agitadas e atrapalhar a chegada do sono.

10. Ensinar aos bebês o que é dia e o que é noite é uma tarefa que deve começar cedo, de preferência já na segunda semana de vida. Não precisa mudar a rotina da casa durante o dia. Ou seja, a família deve mantê-la iluminada e não evitar barulhos da rotina doméstica, como o telefone, as conversas, as visitas, o liquidificador ou o aspirador de pó, mesmo que seu filho esteja dormindo.

11. No horário habitual do despertar da criança, abra as janelas. Faça isso todos os dias, no mesmo horário. Isso vale dos bebês aos mais velhos.

12. Os cochilos também devem seguir uma rotina, sempre no mesmo horário. Geralmente, as crianças preferem fazer isso depois do almoço. Evite os horários das 9h ao meio-dia, que pode postergar a soneca da tarde, e o das 17h às 20h, que pode atrapalhar a rotina noturna.

13. Nas primeiras seis a oito semanas, o bebê não consegue ficar acordado por mais de duas seguidas, portanto, não se deve esperar muito mais que isso para colocá-lo para dormir, pois, se ele estiver cansado demais, pode ficar irritado e sentir dificuldades para adormecer.

14. Pode ser complicado, mas, mesmo aos finais de semana ou quando os pais estiverem fora de casa, a rotina deve ser seguida, conforme for possível. Procure fazer poucas exceções para a criança ter o mesmo horário de dormir e acordar. Isso transmite segurança.
Fontes: Rosana Cardoso Alves, neurologista da Associação Brasileira do Sono, e Manoel da Nobrega, membro do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

sábado, 4 de junho de 2016

FILHOS ABANDONADOS DENTRO DA PRÓPRIA CASA


Encontrar filhos abandonados emocionalmente pelas famílias é uma dura realidade

Hoje, vivemos um tempo de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância. Eu, por exemplo, peguei a época em que só existia telefone fixo (com fio) e “orelhões” de rua (sem celular ou internet), e a comunicação escrita era feita por carta. Na minha adolescência, passei muitas horas (todos os dias!) brincando e conversando na rua com os amigos, e em casa com a família. Quando alguém estava presencialmente com outra pessoa, havia muito pouca distração. Tínhamos de investir no relacionamento “ao vivo”, demonstrar sentimentos, conquistar a simpatia dos outros. Mas os tempos mudaram e estima-se que o brasileiro passa, aproximadamente, de três a quatro horas por dia conectado, interagindo via internet, o que reduz muito sua convivência física com amigos e familiares.

Estamos esquecendo como amar

Fico impressionada quando vejo o desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão se tornando ótimas no marketing emocional externo, mas estão esquecendo como amar, como fazer carinho físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isso não é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na nossa intimidade?

Medo de expor traumas e fraquezas

Será que não é medo de expor nossos traumas e fraquezas? Digo isso, porque, apesar da internet ser um meio real de conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que tendencia essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição, porque meus gestos, minha entonação de voz, a linguagem corporal, a resposta imediata frente aos estímulos e minhas atitudes reais tornam-me muito mais vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.



Consequências da ausência dos pais

Claro que essa desconexão dos relacionamentos concretos é um problema. Ele se torna muito mais grave (e com fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se mais independente. Porém, a atenção real dos pais é indispensável para o saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade, tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.

Presentes e ausentes ao mesmo tempo

A questão que quero levantar é que, hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança se sente ignorada emocionalmente. Celular, Ipad, notebook, TV… Corpo presente, mente e atenção em outro lugar, com outro foco. Essa falta de atenção gera o sentimento de não ser importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os filhos precisam sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em estar em sua companhia, que estão se divertindo ao brincar com eles. O contato físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam o que é um relacionamento afetivo.

Degraus do amadurecimento humano

Sei que a vida é corrida, por isso mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao lado deles, porém fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que seus filhos e sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós, para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor que temos aos que nos são preciosos. Você vai se surpreender com a resposta dos seus filhos ao se conectarem com você de verdade.

Fonte:CANÇÃO NOVA



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Crianças que têm contato com música aprendem a ler e a escrever com mais facilidade

Pode ser no carro, na sala de aula ou na festa de aniversário. Ouvir música com as crianças é sempre uma delícia, certo? O contato precoce com este tipo de arte ainda é capaz de beneficiar o aprendizado do seu filho. Cantar e tocar instrumentos faz com que ele estimule áreas neuronais que serão trabalhadas futuramente em outras funções – como nos cálculos matemáticos ou na leitura de textos.

Tudo começa na fase de musicalização: de forma lúdica, sem ainda formalizar conhecimentos, a criança desenvolve a percepção auditiva. “Ela é capaz de distinguir um som agudo de um som grave. Se ouvir uma valsa e, em seguida, uma marcha, perceberá também a mudança de ritmo”, explica Margarete Kischi Diniz, coordenadora de música do Colégio Porto Seguro, na unidade Morumbi (SP). Essa percepção só é possível porque há um estímulo na região cerebral denominada córtex auditivo. Além disso, ouvir uma canção trabalha a coordenação motora, já que seu filho sentirá o ritmo e o reproduzirá com movimentos corporais – aqueles passos de dança que encantam a família.

Aos 6 anos, em geral, a escola passa a formalizar o ensino musical, apresentando técnicas para tocar instrumentos, notas musicais e partituras. E é justamente esse tipo de conhecimento que auxiliará o processo de alfabetização da criança. “Os princípios de aprender uma canção e de ler um texto são muito parecidos. É a transformação da língua falada em símbolos que precisam ser decodificados”, esclarece Antonio Carlos de Farias, neurologista do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Compare: a partitura passa a ser o símbolo que traduz o som ouvido. A palavra escrita segue a mesma lógica, já que é uma representação no papel do que é ouvido nas conversas.

Essa relação foi também comprovada por um estudo recente organizado pela Northwestern University, nos Estados Unidos. Crianças de 9 a 10 anos foram divididas em dois grupos: o primeiro teve lições de música por dois anos e o segundo, nenhum contato escolar com a disciplina. Após o período, os cientistas descobriram que aquelas que aprenderam a cantar e a tocar instrumentos tiveram melhor desempenho em leitura e em escrita. Elas conseguiam distinguir sons com mais facilidade que as demais e não tinham dificuldade de concentração em ambientes agitados.

Além disso, a música é um excelente incentivo à linguagem, por auxiliar na aquisição de vocabulário. Até a interpretação de texto é beneficiada pelo contato com as canções. “A memória operacional se desenvolve e faz com que a criança escute uma música e preste atenção ao que está sendo cantado. Ela consegue absorver a mensagem e o sentimento transmitido. Esse mesmo processo é encontrado ao ler um livro, que exige a concentração para dar significado à história”, explica o neurologista. Acredite: até o aprendizado de matemática é auxiliado, considerando que os números são símbolos, assim como as notas musicais.



Em casa

De acordo com a lei nº 11.769, de 2008, a música deve ser conteúdo obrigatório na Educação Básica de todas as escolas brasileiras. O objetivo da exigência não é formar músicos, e sim desenvolver a sensibilidade e a integração dos alunos. Mas atenção: você também deve estimular o contato de seu filho com a música em casa.

Se a criança perceber que os pais valorizam este tipo de arte, também tenderão a apreciá-lo. Não adianta apresentar uma canção de forma artificial – a introdução precisa ser lúdica. Presenteá-la com um tamborzinho ou dançar junto com ela são formas criativas de iniciar o contato.

É importante que você tome certos cuidados: não coloque o som em um volume muito alto, já que a audição da criança ainda não está totalmente amadurecida. E coloque um ritmo compatível à faixa etária – um bebê preferirá algo calmo, como música clássica. O rock pesado pode esperar um pouquinho, certo?

Aproveite o momento de escutar música em família para enriquecer o repertório cultural do seu filho. Apresente a ele tanto compositores nacionais como internacionais, para que, aos poucos, ele desenvolva uma preferência pessoal. E mais: que tal, a cada faixa, contextualizar a obra? Diga em que época a canção foi criada, em que país ela se originou, como são os costumes daquele local. Será uma brincadeira divertida – e os resultados serão para a vida toda!

Fonte: Revista Crescer

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ansiedade infantil: por que precisamos ensinar as crianças a esperar

Sabe aquela clássica cena da família jantando no restaurante enquanto a única criança da mesa está completamente alheia à conversa, hipnotizada por algum desenho no celular? Ou então aquela de uma mãe morrendo de vergonha e colocando qualquer coisa no carrinho, só para o filho parar de espernear no meio do supermercado e ir logo para casa? Pois é, elas acontecem - e muito!

Fazer birra é um comportamento normal das crianças, afinal, faz parte da infância testar os limites. A questão é que, com a tecnologia cada vez mais ao alcance das (pequeninas) mãos, a paciência está virando artigo de luxo. "Vivemos num contexto em que tudo se resolve muito rapidamente com apenas um clique. Os avanços tecnológicos fazem com que as crianças cresçam num mundo em que as coisas acontecem na hora em que elas querem. Não precisam nem esperar o desenho preferido na TV, já que assistem quando têm vontade e na plataforma que preferem", explica Roberta Bento, especialista em aprendizagem baseada no funcionamento do cérebro pela Universidade da Califórnia e Duke University; e em aprendizagem cooperativa pelas Universidades de Minnesota e de San Diego.

Além da questão tecnológica, a formação das famílias atuais também influencia nessa pressa que os pequenos têm para serem atendidos. "Antigamente, tinha-se mais filhos e até nas refeições era preciso esperar a sua vez de ser servido. Hoje, é cada vez mais comum que os casais tenham só uma criança, que sempre tem tudo na hora que quer", lembra a especialista, que completa: "elas vivem num mundo que parece ser totalmente adaptado e pronto para os seus desejos".

Como ensinar os filhos a esperar

Não adianta, não tem cartilha ou fórmula mágica para criar filhos mais pacientes - esse é um exercício diário, que deve ser trabalhado naquelas pequenas situações do cotidiano. Por exemplo, ao invés de aproveitar enquanto as crianças estão na escola para ir ao supermercado, vá com elas fazer as compras e explique o que vocês estão fazendo. "Na sala de espera de um consultório médico, invente alguma brincadeira para passar o tempo, que não envolva um celular. Brinque de procurar letras, de encontrar objetos de determinada cor… Aproveite para conversar com seu filho", aconselha Roberta.

E não custa lembrar: o comportamento da criança na rua, na escola, nos restaurantes e em todos os outros ambientes que ela frequenta é apenas um reflexo de como ela vive em casa e, claro, de como os pais se comportam. Portanto, não adianta esperar que seu filho saiba esperar se, em casa, ele tem tudo quando deseja e se vê os adultos na maior correria a todo momento. Além disso, é preciso ter consciência de que a paciência precisa ser ensinada. "Essa não é mais uma competência que se desenvolve sozinha e não é interessante que os pais pensem que, dado o contexto atual, ela é desnecessária, já que tudo acontece muito rápido. É preciso que eles se empenhem dia a dia", ressalta a especialista.



Por que eles precisam ter paciência

Uma criança que é ensinada a esperar se torna uma pessoa mais educada, pois ao entender que o mundo não gira ao seu redor, ela cresce menos egocêntrica e vive melhor em sociedade. Ela aprende, por exemplo, que é preciso deixar as pessoas saírem do metrô antes de entrar e que as coisas passam por um processo antes de acontecer - a comida não fica pronta por mágica e não chegamos à praia de uma hora para outra. Tudo leva tempo e é preciso saber lidar com isso.

Criar filhos menos ansiosos também ajuda no aprendizado, já que eles conseguem parar para ouvir e, então, formular argumentos. "Os pequenos mais pacientes também conversam melhor, já que conseguem esperar o tempo de fala do outro para poder responder - e estabelecer essa linha de raciocínio demanda muita paciência. Além disso, a criança aprende a considerar o outro e, assim, a respeitar as diferenças", destaca Roberta.

A importância do tédio

Natação, inglês, judô, futebol, balé… A agenda dos pequenos parece estar cada vez mais cheia de atividades e o tempo livre - aquela famosa horinha de não fazer nada - está ficando raro. "Nós percebemos uma angústia dos pais em nunca deixar as crianças entediadas, mas a verdade é que elas precisam lidar com isso. Vivenciar o tédio é bom porque ele gera a necessidade da criatividade para fazer alguma coisa interessante, além de possibilitar um descanso ao cérebro", finaliza Roberta. Portanto, chegar a um equilíbrio é fundamental e trabalhar a ansiedade aos poucos dentro de casa é um caminho para criar filhos mais pacientes e preparados para viver bem em sociedade.

Fonte: Texto Carla Leonardi, Bebê.com.br