quinta-feira, 21 de julho de 2016

Filhos perfeitos, crianças tristes: a pressão da exigência

Os filhos perfeitos nem sempre sabem sorrir, nem conhecem o som da felicidade: temem cometer erros e nunca alcançam as elevadas expectativas que os seus pais têm. A sua educação não está baseada na liberdade, nem no reconhecimento, e sim na autoridade de uma voz rígida e exigente.

Segundo a APA (American Psychological Association) a depressão nos adolescentes já é um problema muito grave na atualidade, e uma exigência desmedida por parte dos pais pode derivar facilmente na falta de autoestima, ansiedade, e em um elevado mal-estar emocional.
A educação sempre deve ser a base da felicidade, do autoconhecimento, e não uma diretriz baseada unicamente no perfeccionismo onde os direitos da criança são completamente vetados.

É preciso ter em mente que essa exigência na infância deixa a sua marca irreversível no cérebro adulto: a pessoa nunca se acha suficientemente competente, nem perfeita com base naqueles ideais que lhe foram incutidos. É preciso cortar esse vínculo limitante que veta a nossa capacidade de sermos felizes.

Filhos perfeitos: quando a cultura do esforço é levada ao limite

Frequentemente ouvimos que vivemos em uma cultura que baseia a sua educação na falta de esforço, na permissividade e na pouca resistência à frustração. Contudo, isso não é totalmente verdade: em geral, e mais ainda em tempos de crise, os pais procuram a “excelência” em seus filhos.


Se uma criança tira um 7 em matemática, é pressionado para alcançar um 10. As suas tardes são preenchidas com aulas extracurriculares e seus momentos de ócio são limitados à busca por mais competências, resultando em estresse, esgotamento e vulnerabilidade.

“The Price of Privilege” é um livro interessante publicado pela doutora Madeleine Levine, onde ela explica como, na nossa necessidade de pais em educar filhos perfeitos e aptos para o futuro, o que estamos conseguindo é criar filhos “desconectados da felicidade”.
Educar é ser capaz de exercer a autoridade com amor, guiando seus passos com segurança e afeto porque a infância é um fundo de reserva para a vida toda.


Consequências de exigir demais das crianças


Existe uma coisa que precisamos considerar muito bem. Podemos educar nossos filhos na cultura do esforço, podemos e devemos exigir, sem dúvida, mas tudo tem um limite. Essa barreira, que deveria ser intransponível, é a de acompanhar a exigência a um colchão afetivo incondicional.

Do contrário, nossos filhos perfeitos serão crianças tristes que evidenciarão as seguintes dimensões:
  • Dependência e passividade: uma criança acostumada a ser mandada deixa de decidir por conta própria. Assim, sempre procura a aprovação externa e perde a sua espontaneidade, a sua liberdade pessoal.
  • Falta de emotividade: os filhos perfeitos inibem suas emoções para se ajustarem ao que “tem que ser feito”, e toda essa repressão emocional traz graves conseqüências a curto e longo prazo.
  • Baixa autoestima: uma criança ou um adolescente acostumado à exigência externa não tem autonomia nem capacidade de decisão. Tudo isso cria uma autoestima muito negativa.
  • A frustração, o rancor e o mal-estar interior podem se traduzir muito bem em instantes de agressividade.
  • A ansiedade é outro fator característico das crianças educadas na exigência: qualquer mudança ou uma nova situação gera insegurança pessoal e uma elevada ansiedade.


Pais exigentes frente a pais compreensivos


A necessidade de educar “filhos perfeitos” é uma forma sutil e direta de dar ao mundo crianças infelizes. A pressão da exigência irá acompanhá-las sempre, e mais ainda se a sua educação for baseada na ausência de estímulos positivos e de afeto.

Fica claro que como mães, como pais, desejamos que nossos filhos tenham sucesso, mas acima de tudo está a sua felicidade. Ninguém deseja que na adolescência desenvolvam uma depressão ou que sejam tão exigentes com eles mesmos que não saibam o que é se permitir aproveitar, sorrir ou cometer erros.

Características gerais


Neste ponto, é preciso saber diferenciar entre a educação baseada na exigência mais rigorosa e aquela criação baseada na compreensão e na conexão emocional com nossos filhos.
  • Os pais muito exigentes e críticos costumam apresentar uma personalidade insegura que precisa ter sob controle cada detalhe.
  • Os pais compreensivos “impulsionam” seus filhos para a conquista, permitindo explorar coisas, sentir e descobrir. São guias e não colocam fios nos seus filhos para movê-los como marionetes.
  • O pai exigente é autoritário e leva um estilo de vida que está sempre seguindo o relógio. Indica regras e decisões para economizar tempo através do “porque eu sei que é melhor para você”, ou “porque eu sou seu pai/mãe”.

Para concluir: educar é exercer a autoridade, mas com bom senso. É usar o afeto como antídoto e a comunicação como estratégia.


Nossos filhos não são “nossos”, são crianças do mundo que deverão ser capazes de escolher por si próprios, com direito de errar e aprender, com a obrigação de chegar à maturidade sendo livres de coração e com seus próprios sonhos para realizar.
Fonte: http://amenteemaravilhosa.com.br/

segunda-feira, 18 de julho de 2016

AGRESSIVIDADE INFANTIL É LIGADA A DIFICULDADE DE SE EXPRESSAR

Muitas crianças começam a apresentar um comportamento agressivo de uma hora para a outra. Bater nos colegas de escola, xingar e bater nos pais passa a virar algo comum e desencadeado pelos motivos mais simples.

Quando é contrariada, a criança ainda não tem maturidade emocional para se controlar e pode acabar explodindo. Algumas choram, outras mais partem para a ação, estapeando ou mordendo. “Esse descontrole deve ser investigado”, alerta a psicóloga Rita Romaro. “O que acontece de fato é que toda criança tem dificuldades para controlar suas emoções, mas a maneira como ela é tratada em casa tem uma influência grande na expressão desses sentimentos”.

Nos primeiros anos de vida precisamos ser atendidos imediatamente em nossas necessidades, o que é explicado pela psicanálise: o homem, quando nasce, tem apenas a primeira estrutura da mente, que representa os instintos. Ou seja, um bebê que tem fome, chora sem pensar. Ele não vai esperar como costumam fazer os adultos. Ao longo dos anos, vai-se formando o Ego, que é responsável por desenvolver no indivíduo a capacidade de enfrentar as adversidades ou os desejos não atendidos. “Quanto maior for a tolerância à frustração, mais o indivíduo pode se relacionar bem consigo mesmo e o mundo. No caso das crianças, os pais são parte fundamental desse aprendizado”, diz Rita Romaro.



Causas da agressividade


Não podemos pensar que todas as crianças são naturalmente agressivas, pois alguns fatores externos estão envolvidos nesse processo. Um deles está ligado a alguns fatores como: o fato de a criança observar ou conviver com a violência, a culpa ou o orgulho que ela é estimulada a sentir após praticar a violência e os níveis de frustração e raiva que ela sente. “Os pais, mesmo que não agridam os filhos, podem estimulara violência quando brigam demais entre si. Os filhos amam os pais e, portanto, se espelham neles. Pais agressivos correm o risco de serem imitados pelos filhos”, explica a especialista.

Na escola, a frequência de conflitos entre as crianças pode aumentar se não houver espaço para brincadeiras. Outro motivo é quando a competição é estimulada em excesso no ambiente escolar, sem a explicação de que todos são igualmente capazes.

As frustraçõese as adversidades também entram como possíveis motivos para a agressividade. “Crianças que passaram por situações muito difíceis, podem seguir dois caminhos: ou se isolam, ou se manifestam com constantes agressões.”


Permitir, castigar ou amparar?


Pais que usam a punição física para inibir comportamentos agressivos dos filhos também estão servindo como modelos agressivos, pois demonstram à criança que a violência tem poder e utilidade quando utilizam “tapinhas” na educação. Por outro lado, a permissividade perante a agressão (permitir à criança a expressão aberta e livre da agressão) tem o mesmo efeito de uma recompensa.

“É muito comum encontrar pais que, temendo que seus filhos se tornem crianças “submissas”, estimulam e reforçam positivamente a violência”, diz Rita. Porém, mais importante que isso é mostrar à criança que foi agredida por um colega que o erro é desse colega e que ele copiará um erro se agredi-lo de volta.

Apesar de não estarem com a personalidade totalmente formada ainda, as crianças são capazes de entender os limites que lhes são colocados. Os pais devem agir com um misto de firmeza e carinho. “Um bom exemplo para os pais utilizarem no dia a dia é reprovar com seriedade no mesmo instante em que houver a agressão, dizendo que aquilo não é certo”, afirma Rita.

Privar a criança de algo que ela goste muito também pode funcionar. Ele irá compreender que suas ações negativas provocam reações igualmente negativas. Em casos menos graves, uma boa saída é ignorar a agressão e recompensar os bons comportamentos através de atenção e elogios. De acordo com a especialista, uma das medidas mais eficientes é dizer para a criança que você compreende a raiva que ela está sentindo e que a raiva não é necessariamente algo feio, mas sim que deve ser dito com calma.

Fonte: Minha Vida http://www.minhavida.com.br

domingo, 17 de julho de 2016

As crianças não precisam de celulares precisam do seu tempo

As crianças devem aprender a desfrutar o mundo que as rodeiam. O abuso dos dispositivos eletrônicos pode torná-los pessoas fechadas e que descuidem das relações sociais

De acordo com dados estatísticos 70% das crianças de 12 anos já possuem um celular, e quase 90% delas tem acesso desde idades bem precoces aos dispositivos eletrônicos que seus pais usam.

Fica claro que vivemos em uma sociedade digitalizada onde a internet, os celulares, tablets e computadores são uma boa ferramenta de trabalho, de conhecimento e de conexão com outras pessoas.

Agora veja bem, toda mãe e todo pai sabe a fascinação que estes instrumentos despertam nas crianças desde muito cedo.

Por isso é comum os presentear com muitos destes dispositivos que, de alguma forma, começam a determinar o modo com o qual irão interagir com o mundo e com nós mesmos.

É necessário, então, estabelecer um equilíbrio, e lembrar sempre que o melhor presente que podemos oferecer a uma criança é nosso tempo. 

As crianças devem crescer em harmonia com tudo que o mundo pode oferecer


Não se trata de restringir, nem de censurar determinadas coisas como fez, por exemplo, Steve Jobs com seus filhos ao proibir que tivessem contato com celulares, computadores ou tablets.

Em certas ocasiões, “o ato” de proibir gera nas crianças mais curiosidade, mais necessidade. Logo, o essencial é permiti-los crescer em harmonia conhecendo tudo o que mundo pode oferecer.



E o que a sociedade e seus contextos mais próximos podem oferecer?


Cultura

Faça com que seus filhos tenham ao alcance das mãos livros para consultar, para ver, tocar, para cheirar. Façam com que sejam autênticos companheiros cotidianos.

Sirva de modelo

Faça com que seus filhos se acostumem a vê-lo ler livros físicos. Não faça uso exclusivo dos dispositivos eletrônicos.

Estabeleça horários para cada atividade

Procure fazer com o computador ou o videogame não sejam algo habitual. Basta poucas horas por semana.

O mundo não passa pela tela de um computador

É preciso que os pequenos saiam para brincar, que desfrutem de seus amigos, que experimentem o que é cair e se levantar, correr pelo campo, brincar com um animal…

Qual a melhor idade para comprar um celular para a criança?

Se em algum momento você se fez esta mesma pergunta, é porque possivelmente seus filhos estão o pressionando. Mas, antes de dar o passo, é importante refletir sobre estes fatores.
  • O fato de comprar um celular requer desembolso econômico que cada família terá de refletir se é necessário, e se a criança é o bastante madura e responsável para fazer uso dele.
  • Antes de adquirir estes dispositivos eduque a criança com relação ao uso destes.
  • A idade no qual podemos presentar nossos filhos com um telefone dependerá se a criança compreender a responsabilidade que isso requer e os riscos implícitos com o uso, por exemplo, das redes sociais.

O ideal é que, chegada a adolescência, as crianças possam fazer uso destes dispositivos nas zonas comuns da casa, sempre sob controle dos pais para gerenciar o uso dos perfis e a informação que publicam.

A educação de uma criança começa desde o primeiro dia em que ela chega ao mundo: as rotinas que mostramos, o tipo de criação, de afeto e o tipo de disciplina determinarão, sem dúvidas, o vínculo que tenhamos com eles.Presenteie-os com seu tempo antes dos dispositivos eletrônicos

O uso de celulares e computadores dentro dos quartos e de porta fechada pode gerar muitos problemas com a chegada da adolescência.

Corremos o risco de ter filhos fechados que entendem o mundo somente através de suas telas, e que irão perder a capacidade de se comunicar conosco.

Presenteie-os com seu tempo desde cedo.

Mesmo que com nossas responsabilidades profissionais nem sempre possamos conciliar a vida profissional com a familiar, vale a pena saber os seguintes fatores:
O tempo que compartilhamos com nossos filhos deve ser sempre de qualidade. Desconecte-se dos celulares e saia para passear com eles, escute suas inquietudes e preocupações sem julgar, sem punir. Faça uso do reforço positivo.
Facilite o contato de seu filho com a sociedade, mostre os esportes para que ele escolha, ofereça novas atividades para descobrir: o desenho, a música, a dança…
Uma criança envolvida com múltiplos estímulos é uma criança mais interessada pela realidade do que pela internet.
As novas tecnologias são excelentes ferramentas para aprender e descobrir, mas não devem ocupar 100% de seu tempo, nem sequer 50%.

Torne-se um modelo cotidiano na vida de seus filhos e mostre a beleza das relações humanas cara a cara, os esportes, o prazer da leitura, de se permitir ser livre dos celulares durante horas para desfrutar o aqui e o agora.

Fonte: http://melhorcomsaude.com/

domingo, 10 de julho de 2016

TUDO VAI PASSAR ❤️❤️

Eles vão crescer e dispensar nosso colo. 
Vai chegar a fase em que os amigos serão mais importantes que os pais. 
Que nossas demonstrações de afeto serão consideradas um grande mico. 
Que em vez de torcemos para que eles durmam, torceremos pra que cheguem logo em casa. 
Que não se interessarão pelos velhos brinquedos. 
Que o alvoroço na hora do almoço, dará lugar a calmaria. 
Que os programas em família serão menos atrativos que o churrasco com a turma. 
Que dirão coisas tão maduras que nosso coração irá se apertar. Que começaremos a rezar com muito mais freqüência. 
Que morreremos de saudade de nossos bebês crescidos.

Por isso, viva o agora. Releve as birras. Conte até 10. Faça cócegas. Conte histórias. Dê abraços de urso. Deite ao lado deles na cama. Abrace-os quando tiverem medo. Beije os machucados. Solte pipa. Brinque de boneca. Faça gols. Comemorem. Divirtam-se. Acorde cedo aos domingos pra aproveitar mais o dia. Rezem juntos. Estimule-os a cultivar amizades. Faça bolos. Carregue-os no colo.

Faça com que saibam o quanto são amados. 
Passem o máximo de tempo juntos.

Assim quando eles decidirem partir para seus próprios vôos, você ainda terá tudo isso guardado no coração.

Cinthia Moralles


segunda-feira, 6 de junho de 2016

BIRRAAAAAAAA. UM BICHO DE DUAS CABEÇAS!

Todas as crianças em alguma fase de seu desenvolvimento vão promover as tão temidas e constrangedoras birras. As menores são “autorizadas” por não conseguirem ainda comunicar de outra forma aquilo que as frustram. Mas quando um pouco maiores, assim que começam, despertam nas mães aquela sensação de impotência e de fracasso disciplinar sobre alguém tão pequeno!

Muitos vão achar repetitivo, mas sugiro fazer uma conta: quanto tempo realmente livre você passa com seu filho? Na ponta do lápis, passamos em média uma hora antes de levar na escola e três horas depois que chegamos do trabalho, multiplicado por 5 dias da semana serão 20 horas, mais o fim de semana (sempre em passeios pré-planejados ou com muito mais pessoas que só a família nuclear). Além disso, esse tempo é ocupado com alimentação, cuidados pessoais, tarefas escolares ou extra-escolares e TV. E que correria, não? Qual será a qualidade desse tempo?

As crianças de até cinco anos, por mais que já tenham aprendido a falar, ainda são imaturas no que diz respeito à linguagem de seus sentimentos. Por isso, o choro, o mecanismo mais primitivo, sai em socorro dessa comunicação, aliado agora a outros recursos que a criança já aprendeu que causam alarde nos pais: se jogar no chão, se ferir, estar em público, gritar, e assim por diante.



Podemos dizer que a birra é uma reação extrema a um “não”, ou a algo de que elas discordem. Mas quando olhamos bem de perto, vemos que as birras nada mais são do que sinais de que os pais estão emocionalmente dispersos naquele momento em relação ao sentimento dos filhos. E é por isso que ela ocorre nos piores momentos, quando estamos ocupados!

A birra é um bicho de duas cabeças que se batem e não se entendem. De um lado, os pais tentando manter a ordem e realizar as tarefas de modo disciplinado com tempo muito curto e carregado de estresse do dia a dia. De outro, a criança, que tem seu tempo próprio, descobrindo o mundo pelos detalhes e sem a praticidade que conquistamos com a maturidade.

Enquanto o mundo adulto exige aceleração, eficiência e produtividade, o mundo infantil só tem imaginação, descoberta, criatividade e ritmo materno (aquele que ele ouvia na barriga da mãe, uma verdadeira batucada que vinha do coração dela). Se a criança e os pais saem desse compasso, logo os pais demonstram impaciência, pressa, irritação, e as crianças só têm a birra pra dizer que não aguentam esse ritmo. Após aquele descontrole, é necessário retomar a calma e contar 1, 2, 3 para acertar e começar tudo de novo.

Durante a birra, lembre-se do cenário. Mesmo que seja em público, o que a criança está emitindo é uma insatisfação que não consegue conter e, por isso, a reproduz no corpo e no choro. Sendo assim, a contenha. Abaixe-se à altura dela, com voz calma, doce e principalmente firme, diga que você reconhece que é difícil não poder isso ou aquilo, entende que ela está frustrada, mas que o choro só ajuda a descobrir e não resolver o problema. Peça a ela calma, para interromper o choro e para que vocês conversem. Evite virar as costas e deixá-la chorando, isso só produz abandono e aumenta a raiva. Explique e espere: “com esse choro não dá pra te entender”, “vou esperar você parar de chorar pra gente conversar”, “quando parar de chorar, a gente conversa”. Acalmem-se juntos e, quando o silêncio reaparecer, voltem a conversar, explique novamente o porquê dessa frustração e diga que está ali do mesmo jeito, mas que o não existe…

Tenho certeza de que muitos vão pensar “já tentei e não deu certo”, por isso o trabalho é anterior a crise. Mesmo que o tempo que vocês passem juntos seja assim tão corrido, cheio de tarefas e prevalecendo as necessidades disciplinares do mundo adulto, aprenda a respeitar a infância de seu filho. Aproveite a hora do banho, do trânsito, da comida, para relaxarem juntos e se conhecerem, inventem músicas, puxe conversa sobre coisas que ele te conta, ouça atentamente e, durante as brincadeiras, sempre ofereça resoluções ligadas a calma e paciência, além de reproduzir as ações cotidianas da pressa. Assim, você e seu filho estarão mais conectados emocionalmente e, se a birra aparecer, ele vai confiar que o “não” que você precisou impor não é castigo, nem abandono, e sim a necessidade daquilo naquele momento.

O cantinho do pensamento, virar as costas, bater (mesmo que de leve nas mãos ou bumbum), mandar pro quarto, tirar coisas que gostam; nada disso ajuda a criança a lidar com suas emoções, pois sozinhas elas apenas vão preservar a sensação de incompreensão dos pais e na próxima vez precisarão de uma cena ainda maior para ver se alguém os entende.

Quando as duas cabeças desse bicho birra param de se bater, os corações se reencontram e fica mais fácil para os pais perceberem quais são as necessidades e dificuldades dos filhos. Narrar o cotidiano, explicar os passos e decisões tomadas e às vezes também demonstrar frustrações e limites, ensinam para os filhos outras formas eficientes de se comunicarem com o mundo que não seja o choro, a birra, o escândalo.

Lembre-se da sua criança interna, reconheça em seu filho o melhor de você e ofereça! Cuidado para não se perder no tempo das obrigações e não sobrar muito para as relações. Abraços!

Fonte: Psicologias Brasil


domingo, 5 de junho de 2016

Sono infantil: por que a rotina é tão importante e como fazer isso


De acordo com uma pesquisa australiana, os primeiros cinco anos de vida são cruciais para ajustar a rotina de descanso do seu filho. 




Um estudo realizado pela Universidade de Queensland, na Austrália, acompanhou os hábitos de sono de cerca de 2.900 crianças de 0 a 5 anos e, depois, voltaram a analisar o comportamento delas dois anos depois. A conclusão foi a de que a maior parte das crianças que tinha uma rotina de descanso desajustada apresentava riscos mais significativos de desenvolver problemas relacionados a déficit de atenção e a dificuldades de aprendizado na escola.

“Uma em cada três crianças têm problemas de sono e, é claro, que nem todas elas demonstraram uma performance pobre no ajuste à escola, mas o risco de os professores notarem que elas tinham dificuldades nesse ajuste era maior”, disse Kate Williams, especialista em educação que coordenou o estudo. Na pesquisa, ela ainda observou se as crianças conseguiam pegar no sono sozinhas, tinham períodos de descanso muito curtos, se tinham sonambulismo e se eram capazes de dormir novamente sozinhas, caso acordassem durante a noite.

Para a especialista, é importante que os pais façam uma higiene do sono, que inclui ajustar a hora de ir para a cama, que deve ser sempre a mesma, diminuir o uso de telas, como tablets, smartphones e televisores, criar rotinas consistentes antes de deitar e construir estratégias para acalmar, como ler ou ouvir uma música relaxante.
Se meu filho não dorme bem aos 5 anos, vai ser mais difícil colocá-lo em um ritmo?

De acordo com Rosana Cardoso Alves, neurologista da Associação Brasileira do Sono, a primeira infância é um período crucial para criar uma rotina saudável. “Isso não quer dizer que é impossível fazer uma reeducação mais tarde. É possível fazer isso até com adultos. Mas a facilidade não é a mesma”, explica a médica. “O sono insuficiente pode, sim, levar à alteração de memória, que compromete, mais tarde, o rendimento na escola”, completa.

Manoel da Nobrega, membro do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), diz que a implantação da rotina do sono deve ser iniciada cedo, por volta da segunda semana de vida da criança. “A mãe deve começar a fazer o bebê distinguir o dia da noite”, afirma o médico. E se ele faz parte dos que trocam a noite pelo dia, você tem como ajustar essa bagunça. 

14 coisas que você precisa saber sobre o sono do seu filho
1. É importante manter um ritmo estável nas atividades da criança, principalmente na alimentação e no sono. Isso vai ajudar seu filho a entender quando é hora de fazer essa ou aquela atividade e a dar segurança e estabilidade a ele.

2. Dormir cedo é importante porque, quando escurece, o organismo libera a melatonina, o hormônio do crescimento. A recomendação dos especialistas é de que as crianças devem ir para a cama por volta das 20h, todos os dias.

3. Estabelecer uma rotina antes da hora de dormir ajuda a criança entender qual é o momento de desacelerar. Vale o que funcionar melhor para a família, mas é fundamental seguir os horários e a sequência das atividades, como tomar banho, escovar os dentes, colocar o pijama, cantar ou ler uma história...

4. Quando estiver próximo da hora de dormir, diminua as luzes e os ruídos da casa. Quanto mais calmo o ambiente estiveer, melhor para a criança, que entenderá que aquele é o momento de descansar.

5. Exceto nos casos em que haja recomendação médica ou quando o bebê for muito pequeno, não precisa acordá-lo para mamar durante a noite. Espere até que ele desperte para solicitar o leite.

6. Procure oferecer refeições mais leves à noite, para facilitar a digestão e o sono da criança.

7. Para as crianças maiores, evite oferecer líquidos em horários próximos ao momento de dormir, para que a vontade de ir ao banheiro não ajude a despertá-las. O último copo de água deve ser ingerido, preferencialmente, pelo menos uma hora antes do seu filho ir para a cama.

8. Deixar a luz acesa não é necessário e pode interferir na produção de melatonina. O melhor é deixar o ambiente totalmente escuro e, se a criança sentir medo ou desconforto, opte por uma luz mais fraca, em tom de azul, bem discreta.

9. Nada de televisão, celular ou tablet antes de dormir. Os aparelhos podem deixar as crianças agitadas e atrapalhar a chegada do sono.

10. Ensinar aos bebês o que é dia e o que é noite é uma tarefa que deve começar cedo, de preferência já na segunda semana de vida. Não precisa mudar a rotina da casa durante o dia. Ou seja, a família deve mantê-la iluminada e não evitar barulhos da rotina doméstica, como o telefone, as conversas, as visitas, o liquidificador ou o aspirador de pó, mesmo que seu filho esteja dormindo.

11. No horário habitual do despertar da criança, abra as janelas. Faça isso todos os dias, no mesmo horário. Isso vale dos bebês aos mais velhos.

12. Os cochilos também devem seguir uma rotina, sempre no mesmo horário. Geralmente, as crianças preferem fazer isso depois do almoço. Evite os horários das 9h ao meio-dia, que pode postergar a soneca da tarde, e o das 17h às 20h, que pode atrapalhar a rotina noturna.

13. Nas primeiras seis a oito semanas, o bebê não consegue ficar acordado por mais de duas seguidas, portanto, não se deve esperar muito mais que isso para colocá-lo para dormir, pois, se ele estiver cansado demais, pode ficar irritado e sentir dificuldades para adormecer.

14. Pode ser complicado, mas, mesmo aos finais de semana ou quando os pais estiverem fora de casa, a rotina deve ser seguida, conforme for possível. Procure fazer poucas exceções para a criança ter o mesmo horário de dormir e acordar. Isso transmite segurança.
Fontes: Rosana Cardoso Alves, neurologista da Associação Brasileira do Sono, e Manoel da Nobrega, membro do Departamento Científico de Otorrinolaringologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)

sábado, 4 de junho de 2016

FILHOS ABANDONADOS DENTRO DA PRÓPRIA CASA


Encontrar filhos abandonados emocionalmente pelas famílias é uma dura realidade

Hoje, vivemos um tempo de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância. Eu, por exemplo, peguei a época em que só existia telefone fixo (com fio) e “orelhões” de rua (sem celular ou internet), e a comunicação escrita era feita por carta. Na minha adolescência, passei muitas horas (todos os dias!) brincando e conversando na rua com os amigos, e em casa com a família. Quando alguém estava presencialmente com outra pessoa, havia muito pouca distração. Tínhamos de investir no relacionamento “ao vivo”, demonstrar sentimentos, conquistar a simpatia dos outros. Mas os tempos mudaram e estima-se que o brasileiro passa, aproximadamente, de três a quatro horas por dia conectado, interagindo via internet, o que reduz muito sua convivência física com amigos e familiares.

Estamos esquecendo como amar

Fico impressionada quando vejo o desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão se tornando ótimas no marketing emocional externo, mas estão esquecendo como amar, como fazer carinho físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isso não é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na nossa intimidade?

Medo de expor traumas e fraquezas

Será que não é medo de expor nossos traumas e fraquezas? Digo isso, porque, apesar da internet ser um meio real de conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que tendencia essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição, porque meus gestos, minha entonação de voz, a linguagem corporal, a resposta imediata frente aos estímulos e minhas atitudes reais tornam-me muito mais vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.



Consequências da ausência dos pais

Claro que essa desconexão dos relacionamentos concretos é um problema. Ele se torna muito mais grave (e com fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se mais independente. Porém, a atenção real dos pais é indispensável para o saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade, tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.

Presentes e ausentes ao mesmo tempo

A questão que quero levantar é que, hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança se sente ignorada emocionalmente. Celular, Ipad, notebook, TV… Corpo presente, mente e atenção em outro lugar, com outro foco. Essa falta de atenção gera o sentimento de não ser importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os filhos precisam sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em estar em sua companhia, que estão se divertindo ao brincar com eles. O contato físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam o que é um relacionamento afetivo.

Degraus do amadurecimento humano

Sei que a vida é corrida, por isso mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao lado deles, porém fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que seus filhos e sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós, para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor que temos aos que nos são preciosos. Você vai se surpreender com a resposta dos seus filhos ao se conectarem com você de verdade.

Fonte:CANÇÃO NOVA



sexta-feira, 3 de junho de 2016

Crianças que têm contato com música aprendem a ler e a escrever com mais facilidade

Pode ser no carro, na sala de aula ou na festa de aniversário. Ouvir música com as crianças é sempre uma delícia, certo? O contato precoce com este tipo de arte ainda é capaz de beneficiar o aprendizado do seu filho. Cantar e tocar instrumentos faz com que ele estimule áreas neuronais que serão trabalhadas futuramente em outras funções – como nos cálculos matemáticos ou na leitura de textos.

Tudo começa na fase de musicalização: de forma lúdica, sem ainda formalizar conhecimentos, a criança desenvolve a percepção auditiva. “Ela é capaz de distinguir um som agudo de um som grave. Se ouvir uma valsa e, em seguida, uma marcha, perceberá também a mudança de ritmo”, explica Margarete Kischi Diniz, coordenadora de música do Colégio Porto Seguro, na unidade Morumbi (SP). Essa percepção só é possível porque há um estímulo na região cerebral denominada córtex auditivo. Além disso, ouvir uma canção trabalha a coordenação motora, já que seu filho sentirá o ritmo e o reproduzirá com movimentos corporais – aqueles passos de dança que encantam a família.

Aos 6 anos, em geral, a escola passa a formalizar o ensino musical, apresentando técnicas para tocar instrumentos, notas musicais e partituras. E é justamente esse tipo de conhecimento que auxiliará o processo de alfabetização da criança. “Os princípios de aprender uma canção e de ler um texto são muito parecidos. É a transformação da língua falada em símbolos que precisam ser decodificados”, esclarece Antonio Carlos de Farias, neurologista do Hospital Pequeno Príncipe (PR). Compare: a partitura passa a ser o símbolo que traduz o som ouvido. A palavra escrita segue a mesma lógica, já que é uma representação no papel do que é ouvido nas conversas.

Essa relação foi também comprovada por um estudo recente organizado pela Northwestern University, nos Estados Unidos. Crianças de 9 a 10 anos foram divididas em dois grupos: o primeiro teve lições de música por dois anos e o segundo, nenhum contato escolar com a disciplina. Após o período, os cientistas descobriram que aquelas que aprenderam a cantar e a tocar instrumentos tiveram melhor desempenho em leitura e em escrita. Elas conseguiam distinguir sons com mais facilidade que as demais e não tinham dificuldade de concentração em ambientes agitados.

Além disso, a música é um excelente incentivo à linguagem, por auxiliar na aquisição de vocabulário. Até a interpretação de texto é beneficiada pelo contato com as canções. “A memória operacional se desenvolve e faz com que a criança escute uma música e preste atenção ao que está sendo cantado. Ela consegue absorver a mensagem e o sentimento transmitido. Esse mesmo processo é encontrado ao ler um livro, que exige a concentração para dar significado à história”, explica o neurologista. Acredite: até o aprendizado de matemática é auxiliado, considerando que os números são símbolos, assim como as notas musicais.



Em casa

De acordo com a lei nº 11.769, de 2008, a música deve ser conteúdo obrigatório na Educação Básica de todas as escolas brasileiras. O objetivo da exigência não é formar músicos, e sim desenvolver a sensibilidade e a integração dos alunos. Mas atenção: você também deve estimular o contato de seu filho com a música em casa.

Se a criança perceber que os pais valorizam este tipo de arte, também tenderão a apreciá-lo. Não adianta apresentar uma canção de forma artificial – a introdução precisa ser lúdica. Presenteá-la com um tamborzinho ou dançar junto com ela são formas criativas de iniciar o contato.

É importante que você tome certos cuidados: não coloque o som em um volume muito alto, já que a audição da criança ainda não está totalmente amadurecida. E coloque um ritmo compatível à faixa etária – um bebê preferirá algo calmo, como música clássica. O rock pesado pode esperar um pouquinho, certo?

Aproveite o momento de escutar música em família para enriquecer o repertório cultural do seu filho. Apresente a ele tanto compositores nacionais como internacionais, para que, aos poucos, ele desenvolva uma preferência pessoal. E mais: que tal, a cada faixa, contextualizar a obra? Diga em que época a canção foi criada, em que país ela se originou, como são os costumes daquele local. Será uma brincadeira divertida – e os resultados serão para a vida toda!

Fonte: Revista Crescer

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Ansiedade infantil: por que precisamos ensinar as crianças a esperar

Sabe aquela clássica cena da família jantando no restaurante enquanto a única criança da mesa está completamente alheia à conversa, hipnotizada por algum desenho no celular? Ou então aquela de uma mãe morrendo de vergonha e colocando qualquer coisa no carrinho, só para o filho parar de espernear no meio do supermercado e ir logo para casa? Pois é, elas acontecem - e muito!

Fazer birra é um comportamento normal das crianças, afinal, faz parte da infância testar os limites. A questão é que, com a tecnologia cada vez mais ao alcance das (pequeninas) mãos, a paciência está virando artigo de luxo. "Vivemos num contexto em que tudo se resolve muito rapidamente com apenas um clique. Os avanços tecnológicos fazem com que as crianças cresçam num mundo em que as coisas acontecem na hora em que elas querem. Não precisam nem esperar o desenho preferido na TV, já que assistem quando têm vontade e na plataforma que preferem", explica Roberta Bento, especialista em aprendizagem baseada no funcionamento do cérebro pela Universidade da Califórnia e Duke University; e em aprendizagem cooperativa pelas Universidades de Minnesota e de San Diego.

Além da questão tecnológica, a formação das famílias atuais também influencia nessa pressa que os pequenos têm para serem atendidos. "Antigamente, tinha-se mais filhos e até nas refeições era preciso esperar a sua vez de ser servido. Hoje, é cada vez mais comum que os casais tenham só uma criança, que sempre tem tudo na hora que quer", lembra a especialista, que completa: "elas vivem num mundo que parece ser totalmente adaptado e pronto para os seus desejos".

Como ensinar os filhos a esperar

Não adianta, não tem cartilha ou fórmula mágica para criar filhos mais pacientes - esse é um exercício diário, que deve ser trabalhado naquelas pequenas situações do cotidiano. Por exemplo, ao invés de aproveitar enquanto as crianças estão na escola para ir ao supermercado, vá com elas fazer as compras e explique o que vocês estão fazendo. "Na sala de espera de um consultório médico, invente alguma brincadeira para passar o tempo, que não envolva um celular. Brinque de procurar letras, de encontrar objetos de determinada cor… Aproveite para conversar com seu filho", aconselha Roberta.

E não custa lembrar: o comportamento da criança na rua, na escola, nos restaurantes e em todos os outros ambientes que ela frequenta é apenas um reflexo de como ela vive em casa e, claro, de como os pais se comportam. Portanto, não adianta esperar que seu filho saiba esperar se, em casa, ele tem tudo quando deseja e se vê os adultos na maior correria a todo momento. Além disso, é preciso ter consciência de que a paciência precisa ser ensinada. "Essa não é mais uma competência que se desenvolve sozinha e não é interessante que os pais pensem que, dado o contexto atual, ela é desnecessária, já que tudo acontece muito rápido. É preciso que eles se empenhem dia a dia", ressalta a especialista.



Por que eles precisam ter paciência

Uma criança que é ensinada a esperar se torna uma pessoa mais educada, pois ao entender que o mundo não gira ao seu redor, ela cresce menos egocêntrica e vive melhor em sociedade. Ela aprende, por exemplo, que é preciso deixar as pessoas saírem do metrô antes de entrar e que as coisas passam por um processo antes de acontecer - a comida não fica pronta por mágica e não chegamos à praia de uma hora para outra. Tudo leva tempo e é preciso saber lidar com isso.

Criar filhos menos ansiosos também ajuda no aprendizado, já que eles conseguem parar para ouvir e, então, formular argumentos. "Os pequenos mais pacientes também conversam melhor, já que conseguem esperar o tempo de fala do outro para poder responder - e estabelecer essa linha de raciocínio demanda muita paciência. Além disso, a criança aprende a considerar o outro e, assim, a respeitar as diferenças", destaca Roberta.

A importância do tédio

Natação, inglês, judô, futebol, balé… A agenda dos pequenos parece estar cada vez mais cheia de atividades e o tempo livre - aquela famosa horinha de não fazer nada - está ficando raro. "Nós percebemos uma angústia dos pais em nunca deixar as crianças entediadas, mas a verdade é que elas precisam lidar com isso. Vivenciar o tédio é bom porque ele gera a necessidade da criatividade para fazer alguma coisa interessante, além de possibilitar um descanso ao cérebro", finaliza Roberta. Portanto, chegar a um equilíbrio é fundamental e trabalhar a ansiedade aos poucos dentro de casa é um caminho para criar filhos mais pacientes e preparados para viver bem em sociedade.

Fonte: Texto Carla Leonardi, Bebê.com.br

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Mães e filhas: o vínculo que cura, o vínculo que fere

Cada filha leva consigo a sua mãe. É um vínculo eterno do qual nunca poderemos nos desligar. Porque, se algo deve ficar claro, é que sempre teremos algo de nossa mãe.

Para termos saúde e sermos felizes, cada uma de nós deve conhecer de que maneira nossa mãe influenciou nossa história e como continua influenciando. Ela é a que, antes de nascermos, ofereceu nossa primeira experiência de carinho e de sustento. E é através dela que compreendemos o que é ser mulher e como podemos cuidar ou descuidar do nosso corpo.

Nossas células se dividiram e se desenvolveram ao ritmo das batidas do coração; nossa pele, nosso cabelo, coração, pulmões e ossos foram alimentados pelo sangue, sangue que estava cheio de substâncias neuroquímicas formadas como resposta a seus pensamentos, crenças e emoções. Quando sentia medo, ansiedade, nervosismo, ou se sentia muito aborrecida pela gravidez, nosso corpo se inteirou disso; quando se sentia segura, feliz e satisfeita, também notamos.
– Christiane Northrup –

O legado que herdamos de nossas mães
“A maior herança de uma mãe para uma filha é ter se curado como mulher”
– Christiane Northrup –



Qualquer mulher, seja ou não seja mãe, leva consigo as consequências da relação que teve com sua progenitora. Se ela transmitiu mensagens positivas sobre seu corpo feminino e sobre a maneira como devemos trabalhá-lo e cuidá-lo, seus ensinamentos sempre irão fazer parte de um guia para a saúde física e emocional.

No entanto, a influência de uma mãe também pode ser problemática quando o papel exercido for tóxico, devido a uma atitude negligenciada, ciumenta, chantagista ou controladora.

Quando conseguimos compreender os efeitos que a criação teve sobre nós, começamos a compreender a nós mesmas, a nos curarmos, e a sermos capazes de assimilar o que pensamos de nosso corpo ou a explorar o que consideramos possível conseguir na vida.
A atenção materna, um nutriente essencial para toda a vida

Quando uma câmera de TV filma alguém do público em algum evento esportivo ou qualquer outro acontecimento… O que as pessoas costumam gritar? “Oi, mãe!”

Quase todos nós temos a necessidade de sermos vistos por nossas mães, buscamos sua aprovação. Na origem, esta dependência obedece às questões biológicas, pois precisamos delas para subexistir durante muitos anos; no entanto, a necessidade de afeto e de aprovação é forjada desde o primeiro minuto, desde que olhamos nossa mãe para sabermos se estamos fazendo algo certo ou se somos merecedores de uma carícia.

Assim como indica Northrup, o vínculo mãe-filha está estrategicamente desenhado para ser uma das relações mais positivas, compreensivas e íntimas que teremos na vida. No entanto, isso nem sempre acontece assim…

Com o passar dos anos, esta necessidade de aprovação pode se tornar patológica, gerando obrigações emocionais que propiciam que nossa mãe tenha o poder sobre nosso bem-estar durante quase toda a nossa vida.

O fato de que nossa mãe nos reconheça e nos aceite é um sede que temos que saciar, mesmo que tenhamos que sofrer para conseguir isso. Isso supõe uma perda de independência e de liberdade que nos apaga e nos transforma.
Como começar a crescer como mulher e filha?
Não podemos escapar desse vínculo, pois seja ou não saudável, sempre estará ali para observar nosso futuro.

A decisão de crescer implica limpar as feridas emocionais ou qualquer questão que não tenha sido resolvida na primeira metade de nossa vida. Esta transição não é uma tarefa fácil, pois primeiro temos que detectar quais são as partes da relação materna que requerem solução e cicatrização.

Disso depende nosso senso de valor presente e futuro. Isso acontece porque sempre há uma parte de nós que pensa que devemos nos dar em excesso para a nossa família ou para o nosso parceiro para sermos merecedoras de amor.

A maternidade e, inclusive, o amor de mulher continuam sendo sinônimos culturais na mente coletiva. Isso supõe que nossas necessidades sejam sempre relegadas ao cumprimento ou não das dos demais. Como consequência, não nos dedicamos a cultivar nossa mente de mulher, senão a moldá-la ao gosto da sociedade na qual vivemos.

As expectativas do mundo sobre nós podem ser muito cruéis. De fato, eu diria que constituem um verdadeiro veneno que nos obriga a esquecer nossa individualidade.
Estas são as razões que fazem tão necessária a ruptura da cadeia de dor e cicatrização íntegra de nossos vínculos, ou as lembranças que temos deles. Devemos estar cientes de que estes vínculos se tornaram espirituais há muito tempo e, portanto, cabe a nós fazermos as pazes com eles.


Fonte consultada: Mães e filhas de Christiane Northrup
TEXTO ORIGINAL DE A mente é maravilhosa


terça-feira, 17 de maio de 2016

Filho respondão

“Que tal eu escolher minhas próprias roupas?” A frase soaria normal se partisse de um adolescente, mas nesse caso quem disse foi uma menina de 6 anos, que discutia com a mãe sobre o que usaria para ir à escola. Pois é, você já deve ter presenciado respostinhas, mãos nos quadris ou dedinhos em riste, como se a criança estivesse dando uma bronca em você – invertendo totalmente os papéis. Fora aquele olhar revirado para o teto, de quem parece estar impaciente (e está).

A história das roupas aconteceu de verdade e a mãe, Tasha Festel, ficou assustada. “Não foi o que ela disse que me fez sentir tão triste, foi sua atitude. Eu não podia acreditar que ela estava falando comigo daquele jeito.” Cada um lida de uma maneira diferente com as respostas atravessadas das crianças, mas esse comportamento malcriado vindo de um serzinho que costumava ser fofo e correr para te abraçar, pode ser irritante e doloroso.


Não é contra você


Uns anos atrás, Dallas Louis estava tendo uma época difícil como mãe. “Um dia, pedi mil vezes a Ethan, meu mais velho, com 7 anos, para que ele saísse da piscina. Ele continuou me ignorando, lançando aquele sorriso de ‘Eu te desafio’ e afundava na água novamente”, relembra Louis, autora do livro The Mommy Diaries: How I’m Survivng Parenthood Without Killing Anyone (sem tradução em português). “Quando eu finalmente o arrastei pra fora, ele gritou: ‘Eu te odeio!’. Eu conseguia sentir meus olhos lacrimejando. Aquilo me ofendeu muito mais do que qualquer palavrão. E me perguntei o que estava fazendo de errado.”

Esse tipo de atitude está começando cada vez mais cedo. “Atendo há quatro décadas e percebi que essa grosseria aumentou muito”, diz o psicólogo clínico Michael Osit, autor de Generation Text: Raising Well-Adjusted Kids in a World of Instant Everything (sem tradução em português). Ele coloca muito da culpa na mídia e na nossa cultura atual.


Surpreendentemente normal


A grosseria pode ser um jeito de a criança lidar com alguma situação em casa, mas normalmente é apenas um estágio de desenvolvimento na sua “declaração de independência”. A mesma criança que grita pode dizer “eu te amo” 20 minutos depois.

“As crianças lutam pela autonomia desde muito cedo”, explica Eileen Kennedy Moore, coautora do livro Smart Parenting for Smart Kids: Nurturing Your Child’s True Potencial (sem tradução em português). Os bebês cospem a comida que não querem. Aos 2 anos, eles são os mestres em dizer “não”. Crianças em idade escolar lutam para descobrir quem são. Em cada fase, estão testando o quão forte podem ser para ter o que querem. E ultrapassam o limite. Esse cabo de guerra emocional – entre querer crescer a ainda assim continuar sendo um bebê – pode desencadear um sentimento irritado e zangado com que as crianças não sabem muito bem como lidar.

Apesar de ser “normal” as crianças agirem dessa forma algumas vezes, por outro lado isso pode encorajar um comportamento desrespeitoso. Quando você está esgotado ou apressado, não quer que o tempo que passa com o seu filho seja ocupado por brigas. Mesmo sabendo que não deveria tolerar respostas sarcásticas, às vezes ignora as crises e arruma a mesa você mesma. E adia pontuações necessárias.

Embora seja difícil lidar com essas situações, certamente isso não significa que você seja uma mãe horrível. “As crianças amam seus pais”, diz KennedyMoore. “Às vezes elas apenas não querem desligar o videogame ou sair da piscina. Responder de volta é uma expressão da frustração e uma tática que eles esperam que vá levar ao que querem.”

Depois de um dia cheio de regras e expectativas dos adultos, crianças em idade escolar muitas vezes se sentem impotentes e irritadas. “Expressar suas opiniões com rispidez ajuda a sentirem como se tivessem algum controle sobre a própria vida”, explica a psicóloga Bronwyn B. Charlton. O problema é que as habilidades sociais infantis não alcançam as habilidades verbais. “Tato não é parte do repertório deles”, acrescenta. “Eles não entendem como expressar seus ‘grandes’ sentimentos calmamente sem machucar ninguém – apenas se você ensiná-los.”

Lembre-se: eles são crianças, e o adulto aqui é você. Não é o caso de levar para o lado pessoal e muito menos responder na mesma moeda, como se fosse uma briga de escola. Veja ao lado boas maneiras de lidar com a situação.

Como resolver


Dê o exemplo – Quando você é indelicado com um garçom ou revira os olhos para as sugestões do seu marido, as crianças estão vendo.

Não entre na batalha – Quando seu filho te provoca, é normal você ser tentado a responder na mesma moeda. Mas isso é mau exemplo.

Mostre que não gostou – Diga: “Você sabe como falar comigo se quer que eu te escute”.

Trate o seu filho com respeito – Com pedidos respeitosos é mais provável de obter repostas respeitosas.

Crie um momento de aprendizado – Os filhos nem sempre entendem por que suas palavras ferem. Cabe a você explicar.

Perceba os bons momentos – Reconheça, elogie, agradeça

FONTE: http://www.paisefilhos.com.br/

segunda-feira, 16 de maio de 2016

7 Livros Para Dialogar Com As Crianças Acerca Da Morte E Outros Assuntos Difíceis

A literatura infantil tem um poder especial: tornar mais leves assuntos difíceis, e facilitar a conversa com os pequenos sobre coisas que às vezes são tabu até para nós, adultos. Abaixo, uma lista com sete livros que permitem e incentivam conversas importantes:

1. HARVEY – COMO ME TORNEI INVISÍVEL 

Na primeira vez que li o livro – foi uma surpresa enorme, não imaginava o que me esperava ali dentro. Esse é um livro pra crianças mais velhas, acima de 9 anos, pela indicação da editora – mas é um livro pra emocionar muito adulto também. Na história, o menino Harvey e o irmão Cantin perdem o pai. Chegam em casa depois de brincar e deparam-se com a ambulância levando o corpo, a mãe as prantos – e então Harvey (o livro é na voz dele) tem que lidar com a ausência do pai. Entrar em casa, encarar o ambiente vazio (Harvey, entre outras coisas, não entende como o carro do pai ainda está na garagem se ele não está lá), a solidão da primeira noite. Harvey vai se sentindo pequeno sem o pai, se tornando invisível. As ilustrações acompanham a história lindamente – e ao folhear o pequeno livro, a sensação é de estar acompanhando um filme. Emocionante, triste, bonito demais. Da editora Pulo do Gato.



2. A PRECIOSA PERGUNTA DA PATA

Esse livro me foi indicado quando falei aqui pela primeira vez sobre o assunto, a morte – e foi um dos mais bacanas que li com o Francisco. É um livro bacana de ler com os mais pequenos (no site da editora a indicação é a partir de 1 ano) – na primeira vez que lemos, o Francisco acompanhou atento, fez várias perguntas e terminou com um sorriso. Lemos algumas noites seguidas, a pedido dele, e conversamos sobre o que será que acontece quando morremos (o Francisco jura que o vovô virou passarinho, e que já cruzou com ele na escola). É essa a tal pergunta da pata: ela acaba de perder um filhotinho, e comparece a uma reunião onde os bichos debatem assuntos difíceis querendo saber isso, para onde vamos quando não estamos mais aqui. Cada um dá sua resposta, conforme o que imagina – o rio vai virar mar, o sol não vai sentir mais tanto calor, o rato voltará enorme como um elefante. Apesar do assunto difícil, o livro é leve, fácil de ler. Escrito pela belga Leen van den Berg. Nossa cópia emprestamos da Biblioteca Pública – devolvi o livro com um aperto no coração, admito! Da Brinque-Book.



3. O PATO, A MORTE E A TULIPA

O pato, a morte e a tulipa – foi um dos livros mais importantes que já passaram pelas nossas mãos. Também, assim como o livro aqui em cima, fez a gente conversar um bocado. Um dia o pato percebe que há uma senhora caveira andando junto dele – já fazia tempo que ele não se sentia muito bem, e ele resolve perguntar o que ela faz por ali. Ela então responde que é a morte – e diz que anda por perto, na verdade, desde que ele nasceu, mas que agora é hora de levá-lo. O pato fica inconformado, não quer ir embora – e a morte, com muita calma e paciência, vai o acompanhando e respondendo suas perguntas. Os dois se tornam amigos próximos – chegam a dormir abraçados, o pato aconchegado à morte. Até que ele não acorda – e aí, o final, me emociona sempre: a morte deita o pato sobre o rio e dá um leve empurrãozinho. Por pouco não fica triste – mas pensa: assim é a vida. Escrito e ilustrado por Wolf Erlbruch, publicado no Brasil pela Cosac-Naify.




4. A GRANDE QUESTÃO

Esse é outro livro de Wolf Erlbruch, o autor e ilustrador do livro aí em cima, O Pato, A Morte e a Tulipa – e vou contar, é muito difícil não não se encantar pelas obras do alemão! Aqui, a grande questão é a pergunta: afinal, por que estou aqui? A cada página dupla, um personagem diferente responde. O gato tem sua resposta, o soldado, o coelho – e também o pato e a morte, ali, do livro anterior. Algumas são cômicas, outras emocionam, todas são criativas demais e acompanham uma ilustração divertida. O comilão diz: “você está aqui para comer bem, aí está o porquê.”; a pedra: “você está aqui para confiar”; a morte: “você está aqui para amar a vida”. Tão bonito! Também da Cosac-Naify.



5. FICO À ESPERA

Foi o pessoal da Biblioteca Pública quem me indicou esse livro, e emprestamos também ele de lá – eu conhecia o Davide Cali do livro “O que é o Amor?” e do “Um Dia um Guarda-Chuva”, ambos portugueses. Que livro diferente! Primeiro, o formato: tem a forma de um envelope, retangular – deixa logo a gente curioso. Dentro dele ilustrações delicadas e um fio de lã vermelho, que percorre o livro todo e acompanha a vida de um garoto: sua infância, adolescência, fase adulta e velhice. Cada momento, uma espera: ele está à espera e crescer, do beijinho de dormir, da partida do trem, da guerra, do nascimento do filho. Uma leitura deliciosa. Ilustrado pro Serge Bloch, publicado pela Cosac-Naify.



6. EU ME PERGUNTO…

Se o livro “A Grande Questão” traz as respostas mais divertidas, O “Eu me pergunto…” traz perguntas, e as mais difíceis perguntas – e cabe a nós conversar e procurar as respostas. O que é o tempo? Tudo que já aconteceu desaparece para sempre? Foi Deus quem criou os seres humanos? Ou fomos nós que criamos esse Deus em nossas cabeças? – essas são algumas delas. Um convite a à filosofia, para ler com crianças mais velhas. Escrito pelo norueguês Jostein Gaarder, o mesmo autor de um livro que muita gente curte demais: O Mundo de Sofia. Publicado pela Companhia das Letrinhas.



7. O ANJO-DA-GUARDA DO VOVÔ

Arrisco dizer que esse é preferido do Francisco, aqui dessa lista – especialmente porque ele se reconheceu na história do garotinho do livro, que ouve atento histórias do vovô, deitado na cama do hospital. As ilustrações e o texto se complementam, e está nos desenhos um detalhe precioso: o avô vai contando do que já fez durante a vida, das coisas que aprontou, do que passou. Mas em cada situação de perigo pela qual ele passa, um anjo o acompanha, zelando pela sua vida: segura um ônibus que quase o atropela, ajuda ele a carregar peso, afasta nuvens chuvosas, até faz papel de cupido. No final, o vovô fecha os olhos – e seu anjo agora segue acompanhando o netinho, sem que ele perceba. É de encher os olhos de lágrimas a cada leitura, encher o coração de saudade, mas também de conforto. Mais um livro lindo e tocante da alemã Jutta Bauer, a mesma autora e ilustradora do Mamãe Zangada. Publicado pela Cosac-Naify.



FONTE: http://www.portalraizes.com/